terça-feira, 9 de março de 2010

Estou chique e não sabia

Pesquisando a combinação de diferentes padronagens de tecidos para inspirar-me na hora de estofar os sofás e poltronas de casa, descobri que estou chique e não sabia. Temos uma poltrona Ouro Preto, de Michel Arnoult.
Aí está um exemplar:
Ela, a poltrona na qual me sento para costurar e bordar, é um ícone do design brasileiro!
Puxa...Agora vou sentar-me de forma mais elegante ainda pois ela merece.

Para quem, como eu, desconhece a história da poltrona, um pouco de cultura:

Poltrona Ouro Preto


Michel Arnoult, meados dos anos 1960

"Enquanto vários arquitetos modernos abriam suas manufaturas de móveis no Rio de Janeiro e em São Paulo, nos anos 1960, o francês Michel Arnoult começou uma espécie de perseguição à idéia do móvel bem desenhado e barato. Nada de grandes estruturas maciças e matéria-prima que exigisse exímio trato artesanal. Com essa visão foram pensadas as primeiras linhas de móveis da Mobília Contemporânea, que, nos idos de 1960, eram vendidos para jovens da classe média urbana brasileira. Eram peças que se adequavam a espaços residenciais e comerciais, modulares, simples e elegantes, de acabamento impecável. A grande sacada foi vendê-los desmontados, como faria, alguns anos depois, a loja Habitat, de Terence Conran, na Inglaterra.


Um desses móveis foi a Poltrona Ouro Preto, delicada peça de pés torneados e braços compridos, inicialmente fabricada com percintas de borracha que sustentavam um estofado fino e discreto. Trata-se de poltrona de conversar, mas não de esparramar-se. Previa um comportamento sóbrio, um apelo às idéias fluidas, mas não preguiçosas. Como se do ato de sentar semi-ereto dependesse um pensamento rigoroso e vivo.


Bem, a fabricante das percintas interrompeu a produção - coisa muito comum no Brasil - e Arnoult não se perturbou. Sua formação de designer industrial previa soluções engenhosas e rápidas para novos problemas e foi assim com a substituição das percintas: elas foram garbosamente trocadas por banais fios de náilon, que não fizeram perder em nada as poltronas. O estofado do assento e do encosto, duas almofadas com as mesmas dimensões, pouco volumosas, quase secas, de espuma revestida de tecidos com padrões modernos, se sustentavam perfeitamente nos fios. A nova Ouro Preto ganhou essa resolução estrutural e, mais tarde, no início dos anos 1970, recebeu versão em que os braços eram também torneados e o conjunto de madeira era laqueado de branco. A poltrona era vendida em caixas finas e montada pelos próprios compradores, em casa."
Resenha de Ethel Leon.

Gostei.

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