terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Rubem Alves


Em seu "Quarto de badulaques (L)" ele diz, entre outras coisas:

"SOBRE O LER: Ler rapidamente aquilo que o autor levou anos para pensar é um desrespeito. É certo que os pensamentos, por vezes, surgem rapidamente, como num relâmpago. Mas a gravidez foi longa. Há frases que resumem uma vida. Por isso é preciso ler vagarosamente prestando atenção nas idéias que se escondem nos silêncios que há entre as palavras. Eu gostaria que me lessem assim. Quer eu escreva como um poeta, no esforço para mostrar a beleza, ou como palhaço, no esforço para mostrar o ridículo, é sempre a minha carne que se encontra nas minhas palavras."

"EU ME METO EM CADA UMA! Recebo muitos pedidos de entrevista via Internet. Quando posso, atendo. Um desses pedidos tinha a ver com meu livrinho O gato que gostava de cenouras – uma estória sobre o homossexualismo. Respondi as perguntas que me fizeram. Agora, a surpresa: minha entrevista apareceu no G-Magazine, que é uma revista gay, cheia de fotos de homens nus! Ignorante, nem sabia da existência de tal revista. Agora pasmem: foram a mulheres que me informaram! O que muito revela sobre suas curiosidades. Mas eu estou vestido."

"COISAS SIMPLES QUE COMOVEM: Coisas extremamente simples acham um lugar imortal no coração. Há dias, conversando com os meus filhos, encontrei-me com elas, as coisas simples. O Sérgio me contou sobre quando ele era menino, tempo em que eu ainda fumava cachimbo. “Você viajava, eu ficava com saudade. Ia para o seu escritório que estava impregnado com o cheiro bom de fumo de cachimbo, perfumado. Era o meu jeito de matar a minha saudade...” O Marcos, por sua vez, me lembrou um incidente muito engraçado. Eu e ele estávamos no banco. Eu preenchia as guias de depósito, distraído. Enquanto isso ele examinava os cheques, sem que eu percebesse. Aí ele notou que as assinaturas estavam muito feias ( eram cheques de uma outra pessoa) e se prontificou a me ajudar, melhorando-as. Pegou uma caneta e mãos à obra. Quando percebi já era tarde demais. Não sabia se ria, se chorava, se ficava bravo... Felizmente o gerente foi compreensivo e tudo terminou bem. Isso é uma das delícias de conversar com os filhos. A conversa é um ritual mágico que ressuscita memórias há muito enterradas."

Filhos.Muito bom te-los.Conversar com eles?Sempre.


3 comentários:

  1. Filhos e netos são PRESENTE de D'us.Sou uma pessoa abençoada por te-los comigo , senão não sei o que seria de mim.

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  2. digo o mesmo, filhos e netos são o resultado da vida!

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  3. Muito gostosa essa fato! Que lindos!
    O Blog está ótimo!
    Beijocas!!!!

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